Ike e Beatrice Ekweremadu foram condenados, ele a nove anos e oito meses de prisão, e ela a quatro anos e meio.
Também envolvido no caso, o médico Obinna Obeta foi condenado e ficará preso por dez anos.
“Traficar por fronteiras internacionais para coletar órgãos humanos é uma forma de escravidão. É tratar os seres humanos e seus corpos como mercadorias que podem ser compradas e vendidas. É um comércio que mira a pobreza, a miséria e o desespero”, disse o juiz Justice Johnson ao dar a sentença. “Cada um de vocês desempenhou um papel nessa transação desprezível”, concluiu o profissional.
O plano do casal era mais elaborado do que parecia. Ike, que foi senador na Nigéria, usou seus contatos para levar um jovem que trabalhava como vendedor ambulante, de 21 anos, para o Reino Unido.
A família pagaria a ele para doar um dos rins à filha deles, Sonia, de 25 anos. O procedimento aconteceria de forma privativa em um hospital de Londres. Nas leis locais, é considerado crime compensar alguém monetariamente por doar algum órgão.
Sonia, que também estava sendo julgada, foi inocentada das acusações. Uma investigação foi iniciada depois que o jovem fugiu em Londres e dormiu na rua por dias, até entrar em uma delegacia, chorando e muito angustiado.
Parte da mentira elaborada é que a família tentou convencer as autoridades de que Sonia e o jovem doador seriam primos. Durante o julgamento, a vítima explicou que só descobriu o que de fato estava acontecendo quando estava a caminho do hospital em Londres, para uma consulta. “Eu nunca teria concordado com nada disso. Meu corpo não está à venda”, disse ele em um comunicado lido no tribunal.
O rapaz também revelou estar preocupado com a própria segurança e a da família na Nigéria. Ele alega que os parentes foram procurados e incentivados a “deixar” o caso: “Eu não consigo pensar em voltar para casa, na Nigéria. Essas pessoas são extremamente poderosas e eu me preocupo com a minha família. Mesmo que eu more no Reino Unido no momento, eu preciso ter cuidado também”.
O jovem disse que não quer compensação em dinheiro das “pessoas ruins”, porque seria algo “amaldiçoado”: “Estou tendo que recomeçar minha vida. Meu plano agora é trabalhar, estudar e jogar bola”.
“Tráfico humano com o propósito de remoção de órgãos é relativamente raro no Reino Unido, mas o que vimos desde o ato corajoso da vítima é que esta não é a única investigação dessa natureza que acontece em Londres”, revelou o superintendente de polícia Andy Furphy em depoimento.
*Via Portal R7